sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Mães denunciam Fantin ao Ministério Público por irregularidades no Viva Leite




O Viva Leite é um programa estadual do governo de SP e está implantado há quase 20 anos na cidade de Registro. A Prefeitura de Registro, conveniada ao Programa, tem a responsabilidade da distribuição do leite, o que lhe garante autonomia para organizar a rota dos carros, tendo a obrigação de garantir a entrega duas vezes por semana, totalizando 15 litros ao mês por criança.

Nos últimos dois meses, as duas mil famílias beneficiárias do Viva Leite vêm enfrentando problemas para receber o leite em suas casas. Em sua maioria, são problemas na distribuição e logística do leite, que estão relacionados ao novo contrato assinado pelo Prefeito Gilson Fantin, que terceirizou a entrega do leite em Registro.

O primeiro problema ocorreu, em outubro, com a mudança da periodicidade da entrega semanal do leite para as famílias: a Prefeitura de Registro mudou de duas vezes semanais para apenas uma. Ao distribuir o leite em apenas uma única entrega semanal, se inviabiliza o consumo a partir do quarto ou quinto dia pós-entrega, considerando o período de validade, impossibilitando, assim, o alcance do consumo recomendado por criança (500ml/dia), ficando sem leite em pelo menos 3 dias da semana.

Os beneficiários protestaram contra a mudança e a Câmara Municipal aprovou, por unanimidade, uma Moção de Apelo proposta pela vereadora Sandra Kennedy, para que o cancelasse a mudança e voltasse a entregar o leite duas vezes por semana. Como conseqüência da pressão dos beneficiários e da Moção de Apelo, a Prefeitura voltou atrás em relação à esta mudança.

No entanto, na última quinta-feira (29/11), as famílias foram surpreendidas com outra mudança que tornará mais difícil o acesso ao leite: a Prefeitura cortou, em mais de 300% os locais de distribuição do leite. Antes da mudança, eram 74 pontos de distribuição de leite, agora, com a mudança, passaram a ser somente 24 pontos.

Na prática, significa que as famílias terão uma nova dificuldade, pois ao reduzir os pontos de entrega do leite, a Prefeitura centralizou a distribuição, basicamente nos CRAS e nos equipamentos públicos e comunitários, fazendo com que as mães e responsáveis tenham que se deslocar de médias a longas distâncias para buscar os litros de leite.

Segundo a Vereadora Sandra Kennedy, “organizar os pontos de distribuição do leite é uma decisão autônoma e discricionária da Prefeitura e, portanto, a responsabilidade pela diminuição do número de locais para entrega do leite é exclusiva da Prefeitura de Registro. Eu defendo, sem dúvidas, que a entrega seja feita o mais perto possível da casa dos beneficiários e que os 74 pontos de distribuição sejam retomados imediatamente”.

O Mandato da Vereadora Sandra Kennedy também finalizou uma investigação que aponta indícios de superfaturamento no novo contrato de distribuição do Viva Leite, assinado por Gilson Fantin em Agosto, que terceirizou a distribuição do leite em Registro. Segundo Sandra, “a mudança viola o princípio da economicidade da Administração Pública”.

Antes do novo contrato, a Prefeitura gastava cerca de R$ 20mil/ano com as entregas do leite. Com o novo contrato, a distribuição do leite passou para a iniciativa privada e o custo foi para R$ 110mil/ano. O valor pago pela Prefeitura por quilometro percorrido também mudou: com o novo contrato ficou R$ 7,49/km.

Segundo a investigação de Sandra Kennedy, este valor revela-se quase o dobro, por quilômetro, do valor pago em Pariquera-Açu (R$ 4,40) e em Cajati (R$ 4,23), pela mesma empresa que opera em Registro. A vereadora afirmou que encaminhará as investigações para o Ministério Público e as Autoridades competentes.